segunda-feira, 23 de março de 2009

ZONAS COSTEIRAS


Introdução

Este tema é de elevada importância para a actualidade, uma vez que, estamos a sofrer com a subida do nível do mar o que torna imperativo que esta temática seja abordada com uma maior relevância. As zonas costeiras são muito atractivas para a localização das populações, contudo, este facto leva a que estes sistemas naturais fiquem sujeitos a grandes pressões ambientais. Além disso existe um elevado perigo para as próprias populações, que ficam sujeitas à destruição das estruturas, muitas vezes construídas em arribas pela sua beleza natural, mas que acabam por ser destruídas devido à erosão provocadas pelos mares.
Inicialmente o trabalho irá assentar na definição de Zonas Costeiras e quais os fenómenos geológicos a estas associados, pois estas zonas não são estáticas e modificam-se através da acção de fenómenos naturais e antrópicos.
Irei também abordar como a acção humana tem contribuído para a alteração destas áreas e como isso pode afectar negativamente o futuro, pois as regiões litorais adquirem uma relevância muito especial para a vida humana, tendo em conta que, nelas vive cerca de 70% da população mundial e é nestas zonas que se produzem e exploram a maior parte dos recursos marinhos utilizados pelo homem. O mesmo acontece em Portugal, que se situa à ‘beira mar’ e no qual dois terços da população vive na zona litoral.





Objectivos

• Zonas costeiras: Perceber a Definição e processos Geológicos
• Endenter os Processos de evolução do litoral naturais e antrópicos
. A Acção do Homem no combate a tendência erosiva




Desenvolvimento

As Zonas Costeiras correspondem à zona de transição entre o domínio continental e o domínio marinho. Estas estão sujeitas a vários processos geológicos entre eles a abrasão (erosão) e o transporte e deposição de sedimentos (sedimentação).
A abrasão marinha corresponde à acção destrutiva do mar sobre a costa, no litoral rochoso, o que dá origem às plataformas de abrasão marinha. Exemplos destas são as falésias e as arribas. O que ocorre neste processo de abrasão é que, o mar, através das ondas, e mais intensamente quando estas transportam sedimentos, vai destruindo a base das rochas desgastando-as mais fortemente nesta zona. As rochas ficam com um pequeno escarpado na sua base e com uma inclinação virada para o mar como se pode ver na fig. 1. Estas designam-se por acções destrutivas. Em resultado desta acção formam-se os litorais de erosão, caracterizados pelas referidas arribas, ou falésias alcantiladas, que recuam à medida que aumenta a plataforma litoral ou de abrasão marinha.




Fig 1- Arriba fossil Peniche

In:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqbDPmfTN_NGSoPNjanZZLMnpFE0ep6_1WpYtAUPimlMw8ncphejsZQ9ugTfrymGIwi3p7bK0a3C4FiT26nOB-LO3dsWaNtu1ujRl3yWdBWWNUbN2AryHElVdQAinoIvKpRml0a0hAG50/s320/LITORAL+arriba+Peniche+Alex+cruz_10E.JPG

A abrasão marinha é condicionada por vários factores, entre eles o tipo de rochas (mais ou menos resistentes), o grau de meteorização e estrutura geológica. Este último refere-se à quantidade e orientação dos planos de descontinuidade no maciço rochoso.
As arribas formam-se, assim, em locais de rocha dura, como por exemplo granito xisto e calcário, sendo mais alta quando o material dominante é o calcário.
Alguns exemplos de arribas activas (ou arribas vivas), são as que podem ser observadas a Sul da Lagoa de Albufeira ou no litoral de Cascais, e estas encontram-se sob influência directa da erosão marinha, apresentando o perfil anguloso e o recuo típico deste tipo de arribas.

Outro fenómeno de abrasão é a abrasão lenta. Esta ocorre quando o rio ou mar desgasta a rocha através, da areia e dos calhaus transportados pela água e que quando estão em rotação desgastam o fundo do leito aprofundando-o e alargando-o. As cavidades que se formam por este processo designam-se por marmitas de gigante e encontram-se junto ao mar nas plataformas de abrasão, conforme se pode ver na fig. 3.




Fig. 2 – Marmitas de Gigante, Armação de Pêra
In: http://sites.google.com/site/geologiaebiologia/_/rsrc/1219341704258/Home/geologia-problemas-e-materiais-do-quotidiano/zonas-costeiras/Marmitas%20de%20gigante%201.jpg

No litoral arenoso, que é mais baixo e mais vulnerável à actuação erosiva do mar, temos as praias. Estas são originadas pelo processo de sedimentação. Este ocorre quando se dá a acumulação dos materiais arrancados pelo mar ou transportados pelos rios, quando as condições ambientais são propícias. Resultam assim em praias ou ilhas-barreiras, restingas e tômbolos.
O tômbolo caracteriza-se pela acumulação de materiais que ligam a praia a uma ilha. No caso das restingas, estas são uma acumulação de areia ligada à faixa litoral apenas numa das suas extremidades. As praias são cordões de areia paralelos à costa.
Estas designam-se por acções construtivas. Deste modo, o mar abre caminho para que continue a sua investida pela costa.
Os processos descritos anteriormente, ocorrem quando o mar se encontra em fase transgressiva, ou seja, são períodos em que o mar tende a avançar sobre o continente e a costa rochosa também sofre erosão. Nestes casos ocorre o desgaste tal da base das arribas que pode ocorrer o seu desmoronamento. Outros efeitos da erosão costeira são o estreitamento das praias, (como tem acontecido no caso da Costa da Caparica); a transformação de praias de areia em praias de calhaus (fig. 2), devido à migração das areias; a inutilização de campos de cultivo inundados pelas águas do mar e a destruição de estruturas construídas pelo Homem, como estradas e edifícios.



Fig. 3 – Praia de Calhaus em Santa Tecla, Sicília, Itália
In: http://img518.imageshack.us/img518/8242/dscn3440metadetl1.jpg

Num processo geológico inverso ao que foi anteriormente referido, temos os períodos em que a tendência do mar é regressiva. Nos casos em que o mar recua o litoral diz-se anamórfico ou de acumulação.
Nestes casos o mar recua e é possível visualizar partes que se encontravam submersas, tais como, antigas plataformas de abrasão. Estas encontram-se muitas vezes próximas do nível actual do mar e podem aparecer associadas às respectivas arribas designando-se por arribas fósseis. Estas já se encontram modeladas pelo mar e não sofrem o processo de abrasão marinha, que já terá ocorrido no passado, quando esta era uma arriba viva.
Na Costa da Caparica existe um exemplo de arriba fóssil, a arriba litoral da Costa de Caparica, pois já não se encontra em contacto directo com o oceano, não sofrendo erosão marinha.

Os processos descritos anteriormente designam-se por processos naturais, no entanto, as zonas litorais também têm sofrido alterações devido a processos antrópicos, ou seja, devido a fenómenos causados pela acção humana. Entre estes destacam-se o efeito de estufa que tem origem no aquecimento global, a ocupação da faixa litoral com infra-estruturas construídas pelo Homem, a diminuição da quantidade de sedimentos devido à construção de barragens e a destruição de defesas naturais como as dunas, construção desordenada e o arranque da cobertura vegetal.
Assim, na gestão das zonas costeiras é fundamental o conhecimento dos processos físicos, químicos e biológicos que nelas ocorrem, sobretudo naquelas em que da pressão das actividades humanas resulta a sobre-exploração dos recursos disponibilizados, causando problemas ambientais relacionados com o equilíbrio dos ecossistemas naturais.
Para combater a tendência erosiva são realizadas obras, porém estas são muito dispendiosas e exigem elevada manutenção.
Estas obras podem ser de três tipos: esporões ou obras transversais à linha da costa, os paredões ou obras paralelas à linha da costa e obras destacadas como os quebra-mares. Estas obras destinam-se a evitar a erosão da costa de modo a proteger pessoas e bens. Todavia, estas, por vezes, resolvem problemas a nível local mas transferem-nos para outros locais.


Conclusão

Dos fenómenos naturais que interagem com a dinâmica das zonas costeiras podem referir-se a alternância entre as regressões e transgressões marinhas, a alternância entre períodos de glaciação e interglaciação e a deformação das margens dos continentes através das correntes marinhas litorais que provocam a erosão, transporte e deposição de sedimentos e a deformação das margens dos continentes devido aos movimentos tectónicos.
No que diz respeito aos processos antrópicos encontramos o efeito de estufa que tem vindo a agravar-se com o aquecimento global, a fusão dos gelos polares e consequentemente a subida do nível do mar e a erosão. Outros destes fenómenos são a construção em arribas o que expõe as populações a riscos geológicos, a exploração de rios inertes e construção de barragens, o que diminui a quantidade de sedimentos acumulados e a destruição de defesas naturais como dunas e vegetação costeira.
Na tentativa de regredir os processos de erosão, o Homem constrói várias estruturas que lhe permitam diminuir ou atrasar estes processos, contudo nem sempre são eficazes nesta luta desigual entre o Homem e a Natureza e na qual esta última continua a sair vencedora. Cabe ao Homem perceber que não deve lutar contra a natureza mas sim tirar partido de toda a beleza e vida que ela nos dá.


Bibliografia:
LIVROS
Jorge reis; Paula lemos; António Guimarães, Biologia e Geologia, Porto Editora
Jorge Ferreira e Manuela Ferreira, Biologia e Geologia, Santillana Constância

INTERNET
http://pt.wikipedia.org/wiki/Zona_costeira
http://www.aprh.pt/texto/zonas_costeiras.html
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=1355&op=all
http://www.youtube.com/watch?v=rqa2RO93C-0
http://ec.europa.eu/fisheries/related_issues/coastal_management_pt.htm

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