sexta-feira, 20 de março de 2009

Bacias Hidrográficas


Bacias Hidrográficas

Introdução

A topografia de uma região, o clima e a força da gravidade são as principais condicionantes do trajecto dos cursos de água. A região em que a água das chuvas contribui para alimentar um rio constitui a
bacia hidrográfica e os
 rios que a ocupam constituem a rede hidrográfica (conjunto de todos os cursos de água, mais ou menos organizado).

Figura 1: Bacias hidrográficas portuguesas.
In
: CARRAJOLA, C. et al (2007 b)
Objectivos
-Definir Bacias hidrográficas.
-Definir tipos de cursos de rio.
-Identificar riscos geológicos.-Identificar interferencias do Homem no curso dos rios.
-Comparar vantagens e desvantagens das barragens.
-Localizar as maiores bacias hidrográficas nacionais.



Desenvolvimento

A água de precipitação, que cai na bacia hidrográfica, é recolhida pela rede hidrográfica, que a transporta de uns rios para outros até chegar ao rio principal, que a conduzirá ao mar.
Há rios que transportam água todo o ano e possuem um caudal abundante, enquanto outros só têm água depois da época das chuvas, são os chamados rios sazonais.Os rios modelam a paisagem criando formas de relevo muito diferentes na superfície que atravessam.
No seu percurso, desde a nascente até à foz, o rio desenvolve um trabalho de desgaste dos terrenos por onde passa, de transporte dos materiais arrancados e de acumulação desses materiais em planícies aluviais. Este processo designa-se por erosão fluvial.
Os cursos de água tendem a correr em espaços mais ou menos bem determinados, que se designam por leitos. Os limites laterais do rio designam-se por margens e relacionam-se com o leito aparente. Tendo em consideração as características topográficas e a variação sazonal dos caudais, nos cursos de água das regiões temperadas podem distinguir-se, normalmente, várias secções ou leitos.

Figura 2: Percurso de um rio.
IN
: GOMES, A. et al (2006)

Na fase inicial ou no curso superior, os rios correm geralmente entre montanhas, o declive dos terrenos é muito acentuado e a força das águas é muito significativa. O desgaste na vertical é acentuado e os vales apresentam vertentes abruptas, os vales são em V fechado, nesta fase podem surgir cataratas e rápidos.

No curso médio, o declive do terreno não é tão acentuado, o desgaste faz-se na horizontal, alargando o leito do rio, formam-se vales mais abertos.
Na fase final, no curso inferior, o rio perde velocidade e dá-se a deposição dos materiais (aluviões) que o rio transportou durante o seu percurso. Formam-se vales em caleira e as planícies aluviais. Quando o rio atravessa uma planície pode desenvolver curvas chamadas
meandros. Estes surgem porque o rio desgasta as margens côncavas e acumula nas margens convexas.

Figura 3: Esquema de formação de um meandro.
IN
: GOMES, A. et al (2006)

Os
deltas formam-se geralmente em locais onde as marés e as correntes marinhas têm pouca força. A escassa força das águas do mar faz com que a corrente vá depositando os aluviões junto à foz, construindo um depósito de sedimentos de forma triangular.



Figura 4: Delta do rio Nilo.
IN
: GOMES, A. et al (2006)

Os
estuários formam-se em locais onde a força das marés e das correntes marítimas é intensa. A água arrasta os aluviões até zonas muito afastadas da foz e deposita-os no fundo do oceano. Como o estuário comunica abertamente com o mar ou com o oceano, produz-se nessas zonas uma mistura de águas e de sedimentos tornando-as ricas biologicamente.

Figura 5: Estuário do rio tejo.
IN
: GOMES, A. et al (2006)

É no troço terminal que se desenvolvem, em rios mais evoluídos, extensas planícies formadas pela acumulação de sedimentos depositados nesses rios ao longo da sua existência. Essas superfícies designam-se por planícies de inundação, porque se formam precisamente pela inundação das áreas correspondentes, devido ao transbordo das águas fluviais e consequente deposição de sedimentos.

Figura 6: Cheias no vale do tejo, Santarem.
In: CARRAJOLA, C. et al, (2007 b)

As planícies de inundação definem um leito maior, de cheia, em contraste com um leito menor, normal, delimitado pelas margens habituais. Define-se, na estação seca, um leito de estiagem, quando a falta de água faz emergir os sedimentos do leito menor.
Figura 7: Perfil transversal de um rio, em zona de planicie de inundação.
In
: CARRAJOLA, C. et al, (2007 b)


Riscos geológicos
As cheias
As cheias são fenómenos extremos devido à dinâmica fluvial. Diz-se que há uma cheia sempre que um rio transborda em relação ao seu leito normal. Esse transbordo origina, por sua vez, a inundação dos terrenos nas margens do rio. Todas as cheias provocam inundações, mas nem todas as inundações são causadas por cheias (tsunami).

Conforme a morfologia do vale, assim a inundação se manifesta em altura ou em extensão. Se o vale for estreito, o nível das águas pode subir dezenas de metros, por outro lado, se o vale for amplo, pode ser muito grande a extensão das áreas afectadas.

As cheias devem-se, na maior parte dos casos, a causas climáticas, mais precisamente à precipitação elevada, o que pode corresponder a chuvas muito intensas, numa pequena bacia hidrográfica, ou a chuvas contínuas e prolongadas (semanas a meses), ainda que pouco intensas, afectando várias áreas.
Assim originam cheias rápidas, mais perigosas, porque sendo repentinas, apanham as populações de surpresa, e as cheias progressivas, que se devem ao aumento progressivo do caudal dos rios. As cheias também podem ter outras causas naturais, de origem climática, origem marinha ou devido a obstáculos e derrocadas.

Nas zonas urbanas, o desenvolvimento natural do ciclo hidrológico é substancialmente alterado pela impermeabilização geral dos solos decorrente da construção de estradas e habitações, o que contribui fortemente para o aumento de volume das águas de escorrência, que vão engrossar os caudais das ribeiras e outras linhas de água, cujos leitos tantas vezes se encontram estrangulados ou mesmo ocupados por construções.

O homem interfere sobretudo:

-   Na rede hidrográfica, através de obras de engenharia, das quais se destacam as barragens.

-   Nos solos, impermeabilizando-os, à medida que aumentam as áreas construídas.

-   Na vegetação, dificultando a infiltração da água, sempre que reduz a cobertura vegetal.

A principal razão para o agravamento dos efeitos das cheias é a ocupação humana das áreas inundáveis, que continua a fazer-se de forma imprudente. Em muitos casos desvalorizam o risco de cheia, dado o grande intervalo de tempo que medeia entre duas cheias consecutivas (período de retorno). Por outro lado, as pessoas tendem a ficar nos mesmos locais, chegando a ser compensados por apoios económicos dos governos, também eles responsáveis por permitirem a construção em áreas de risco.

Apesar dos enormes transtornos que podem causar às populações, as cheias também têm alguns benefícios:

-   Os sedimentos finos que se depositam nas planícies de inundação fertilizam os solos, tornando esses terrenos muito apetecidos para a agricultura.

-   As areias que chegam ao litoral vão alimentar as praias, contribuindo para o equilíbrio entre sedimentação e erosão costeira.

-   Chegam também ao litoral, devido às cheias, grandes quantidades de nutrientes utilizados nas cadeias alimentares marinhas.

-   A quantidade de água que se infiltra nos terrenos das margens dos rios reabastece as reservas hídricas subterrâneas.

 

Prevenção das cheias

A forma mais eficaz de combater os riscos naturais é evitar, dentro do possível, a ocupação das áreas onde se manifestam, como é o caso dos fundos de vale, que são os leitos de cheia. Cabe às autoridades, no âmbito do ordenamento do território e da protecção civil, a elaboração de planos de ocupação do solo e a cartografia de zonas de risco, nomeadamente de zonas de risco de cheia, que salvaguardem a segurança das populações.

            Estas zonas devem tornar-se espaços abertos, de áreas verdes, nas faixas próximas dos cursos de água, livres de construções, até ao limite definido pela maior cheia de que há memória. Mesmo nesse limite, a ocupação do solo deve ser pouco densa e as construções aí existentes adaptadas, recorrendo, por exemplo, ao uso de pilares.
Nas últimas décadas é o crescimento urbano que tem sido responsável pela diminuição da infiltração da água, devido à impermeabilização da superfície. As vertentes têm sido desflorestadas, o que também favorece a escorrência superficial das águas e o consequente transporte de sedimentos para os cursos de água. Assim, aumenta a quantidade de água que escorre para os rios e ribeiras e o consequente assoreamento dos leitos, o que provoca o extravasamento das águas dos leitos normais.

Interferência do Homem no curso dos rios

            O homem tem tentado evitar a inundação de áreas especialmente críticas das bacias hidrográficas, através de obras de engenharia, entre as quais se destacam:

§         As barragens;

§         Os diques de protecção;

§         Os canais de derivação.

O homem modifica o curso do rio ao construir barragens
Estas são importantes para o abastecimento doméstico e também para a produção de energia. As barragens são um importante meio de prevenção contra as cheias, porque regularizam o caudal dos rios ao longo do seu percurso.
O impacto ambiental das barragens é grande, alteram os ecossistemas, levando ao desaparecimento da fauna e da flora e as povoações que se localizam junto às albufeiras ficam submersas, obrigando à deslocação da sua população.

  Figura 8: Barragem do Alqueva, rio Guadiana.

Os diques são barreiras dispostas ao longo do leito de cheia, tanto longitudinal como transversalmente ao rio. Procuram limitar o avanço das águas quando se dá o transbordo do leito normal.
Os canais de derivação são ramificações do rio construídas nas planícies de inundação, com o objectivo de aumentar a quantidade de água escoada, fazendo-a circular de forma controlada fora do leito normal.
A limpeza dos leitos é uma medida preventiva contra as cheias, o comportamento civilizado das pessoas, que não podem utilizar os cursos de água como depósitos de lixo, e pela acção das autoridades, que tudo devem fazer para assegurar a remoção de obstáculos à livre circulação da água.

Vantagens e desvantagens associadas às barragens

§         Armazenam água para abastecimento público.

§         Permitem irrigar vastas regiões totalmente áridas.

§         Geram energia hidroeléctrica.

§         Transformam rios em importantes vias de comunicação.

 

Desvantagens

§         Acarretam custos elevados.

§         As terras situadas a jusante perdem a capacidade de regadio.

§         A erosão a jusante aumenta.

§         As praias deixam de ser alimentadas por sedimentos.

§         Reduzem a quantidade de nutrientes chegados ao mar, prejudicando as comunidades piscícolas.

§         Verifica-se a deterioração da água a jusante.

As barragens acabam por reter, além da água, os sedimentos que esta transporta. Como consequência faltam sedimentos a jusante, nomeadamente no litoral, em compensação, acumulam-se em excesso a montante, na zona da própria albufeira, o que interfere na vida útil de uma barragem, que pode ser projectada para 100 anos e durar menos de 20.
A interrupção do trânsito sedimentar que se deve quer às barragens, quer à exploração de areias nos leitos e nas margens dos rios, pode prejudicar, entre outros aspectos, a estabilidade de obras de engenharia, como pontes, a jusante das barragens.

Conclusão:

            Portugal é um país rico em recursos hídricos, mas irregularmente distribuídos. Os rios concentram-se sobretudo no norte e centro, devido ao relevo montanhoso e à elevada quantidade de precipitação.
  O regime e o caudal dos rios portugueses variam ao longo do ano. No Inverno, os rios geralmente mantêm um caudal elevado, chegando a transbordar e originar inundações, como acontece no vale do Tejo. No verão o caudal dos rios diminui, principalmente no sul do país.
As maiores bacias hidrográficas são as que pertencem aos grandes rios ibéricos, em particular ao rio Tejo e ao rio Douro.




Bibliografia

Gomes, A; Boto, A.-Fazer Geografia, meio natural. Porto Editora, Porto, 2006.
Carrajola, C; Castro, M, J; Hilário, T.- Planeta com vida, geologia. Santilhana, Carnaxide, 2007
Santos, A; Santos, M; Santos, M.- Biologia e Geologia, o essencial. Edições ASA, Porto, 2007

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