A topografia de uma região, o clima e a força da gravidade são as principais condicionantes do trajecto dos cursos de água. A região em que a água das chuvas contribui para alimentar um rio constitui a bacia hidrográfica e os
In: CARRAJOLA, C. et al (2007 b)
-Definir Bacias hidrográficas.
-Definir tipos de cursos de rio.
-Identificar riscos geológicos.-Identificar interferencias do Homem no curso dos rios.
-Comparar vantagens e desvantagens das barragens.
-Localizar as maiores bacias hidrográficas nacionais.
IN: GOMES, A. et al (2006)
Na fase inicial ou no curso superior, os rios correm geralmente entre montanhas, o declive dos terrenos é muito acentuado e a força das águas é muito significativa. O desgaste na vertical é acentuado e os vales apresentam vertentes abruptas, os vales são em V fechado, nesta fase podem surgir cataratas e rápidos.
No curso médio, o declive do terreno não é tão acentuado, o desgaste faz-se na horizontal, alargando o leito do rio, formam-se vales mais abertos.
Na fase final, no curso inferior, o rio perde velocidade e dá-se a deposição dos materiais (aluviões) que o rio transportou durante o seu percurso. Formam-se vales em caleira e as planícies aluviais. Quando o rio atravessa uma planície pode desenvolver curvas chamadas meandros. Estes surgem porque o rio desgasta as margens côncavas e acumula nas margens convexas.
IN: GOMES, A. et al (2006)
Os deltas formam-se geralmente em locais onde as marés e as correntes marinhas têm pouca força. A escassa força das águas do mar faz com que a corrente vá depositando os aluviões junto à foz, construindo um depósito de sedimentos de forma triangular.
IN: GOMES, A. et al (2006)
Os estuários formam-se em locais onde a força das marés e das correntes marítimas é intensa. A água arrasta os aluviões até zonas muito afastadas da foz e deposita-os no fundo do oceano. Como o estuário comunica abertamente com o mar ou com o oceano, produz-se nessas zonas uma mistura de águas e de sedimentos tornando-as ricas biologicamente.
IN: GOMES, A. et al (2006)
In: CARRAJOLA, C. et al, (2007 b)
In: CARRAJOLA, C. et al, (2007 b)
Riscos geológicos
As cheias
As cheias são fenómenos extremos devido à dinâmica fluvial. Diz-se que há uma cheia sempre que um rio transborda em relação ao seu leito normal. Esse transbordo origina, por sua vez, a inundação dos terrenos nas margens do rio. Todas as cheias provocam inundações, mas nem todas as inundações são causadas por cheias (tsunami).
Conforme a morfologia do vale, assim a inundação se manifesta em altura ou em extensão. Se o vale for estreito, o nível das águas pode subir dezenas de metros, por outro lado, se o vale for amplo, pode ser muito grande a extensão das áreas afectadas.
As cheias devem-se, na maior parte dos casos, a causas climáticas, mais precisamente à precipitação elevada, o que pode corresponder a chuvas muito intensas, numa pequena bacia hidrográfica, ou a chuvas contínuas e prolongadas (semanas a meses), ainda que pouco intensas, afectando várias áreas.
Assim originam cheias rápidas, mais perigosas, porque sendo repentinas, apanham as populações de surpresa, e as cheias progressivas, que se devem ao aumento progressivo do caudal dos rios. As cheias também podem ter outras causas naturais, de origem climática, origem marinha ou devido a obstáculos e derrocadas.
Nas zonas urbanas, o desenvolvimento natural do ciclo hidrológico é substancialmente alterado pela impermeabilização geral dos solos decorrente da construção de estradas e habitações, o que contribui fortemente para o aumento de volume das águas de escorrência, que vão engrossar os caudais das ribeiras e outras linhas de água, cujos leitos tantas vezes se encontram estrangulados ou mesmo ocupados por construções.
O homem interfere sobretudo:
- Na rede hidrográfica, através de obras de engenharia, das quais se destacam as barragens.
- Nos solos, impermeabilizando-os, à medida que aumentam as áreas construídas.
A principal razão para o agravamento dos efeitos das cheias é a ocupação humana das áreas inundáveis, que continua a fazer-se de forma imprudente. Em muitos casos desvalorizam o risco de cheia, dado o grande intervalo de tempo que medeia entre duas cheias consecutivas (período de retorno). Por outro lado, as pessoas tendem a ficar nos mesmos locais, chegando a ser compensados por apoios económicos dos governos, também eles responsáveis por permitirem a construção em áreas de risco.
Apesar dos enormes transtornos que podem causar às populações, as cheias também têm alguns benefícios:
- Os sedimentos finos que se depositam nas planícies de inundação fertilizam os solos, tornando esses terrenos muito apetecidos para a agricultura.
- As areias que chegam ao litoral vão alimentar as praias, contribuindo para o equilíbrio entre sedimentação e erosão costeira.
- Chegam também ao litoral, devido às cheias, grandes quantidades de nutrientes utilizados nas cadeias alimentares marinhas.
- A quantidade de água que se infiltra nos terrenos das margens dos rios reabastece as reservas hídricas subterrâneas.
Prevenção das cheias
A forma mais eficaz de combater os riscos naturais é evitar, dentro do possível, a ocupação das áreas onde se manifestam, como é o caso dos fundos de vale, que são os leitos de cheia. Cabe às autoridades, no âmbito do ordenamento do território e da protecção civil, a elaboração de planos de ocupação do solo e a cartografia de zonas de risco, nomeadamente de zonas de risco de cheia, que salvaguardem a segurança das populações.
Interferência do Homem no curso dos rios
O homem tem tentado evitar a inundação de áreas especialmente críticas das bacias hidrográficas, através de obras de engenharia, entre as quais se destacam:
§ As barragens;
§ Os diques de protecção;
§ Os canais de derivação.
Os diques são barreiras dispostas ao longo do leito de cheia, tanto longitudinal como transversalmente ao rio. Procuram limitar o avanço das águas quando se dá o transbordo do leito normal.
Os canais de derivação são ramificações do rio construídas nas planícies de inundação, com o objectivo de aumentar a quantidade de água escoada, fazendo-a circular de forma controlada fora do leito normal.
A limpeza dos leitos é uma medida preventiva contra as cheias, o comportamento civilizado das pessoas, que não podem utilizar os cursos de água como depósitos de lixo, e pela acção das autoridades, que tudo devem fazer para assegurar a remoção de obstáculos à livre circulação da água.
Vantagens e desvantagens associadas às barragens
§ Armazenam água para abastecimento público.
§ Permitem irrigar vastas regiões totalmente áridas.
§ Geram energia hidroeléctrica.
§ Transformam rios em importantes vias de comunicação.
Desvantagens
§ Acarretam custos elevados.
§ As terras situadas a jusante perdem a capacidade de regadio.
§ A erosão a jusante aumenta.
§ As praias deixam de ser alimentadas por sedimentos.
§ Reduzem a quantidade de nutrientes chegados ao mar, prejudicando as comunidades piscícolas.
§ Verifica-se a deterioração da água a jusante.
Conclusão:
Portugal é um país rico em recursos hídricos, mas irregularmente distribuídos. Os rios concentram-se sobretudo no norte e centro, devido ao relevo montanhoso e à elevada quantidade de precipitação.
O regime e o caudal dos rios portugueses variam ao longo do ano. No Inverno, os rios geralmente mantêm um caudal elevado, chegando a transbordar e originar inundações, como acontece no vale do Tejo. No verão o caudal dos rios diminui, principalmente no sul do país.
As maiores bacias hidrográficas são as que pertencem aos grandes rios ibéricos, em particular ao rio Tejo e ao rio Douro.
Bibliografia
Gomes, A; Boto, A.-Fazer Geografia, meio natural. Porto Editora, Porto, 2006.
Carrajola, C; Castro, M, J; Hilário, T.- Planeta com vida, geologia. Santilhana, Carnaxide, 2007
Santos, A; Santos, M; Santos, M.- Biologia e Geologia, o essencial. Edições ASA, Porto, 2007
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