terça-feira, 4 de dezembro de 2007

"O presente é a chave do passado"

Introdução

A Terra é um planeta que se mantém em constante mudança e a sua interpretação foi-se alterando ao longo dos tempos.


Entre os séculos XII e XVII a Humanidade idealizou que o Homem e a Terra teriam a mesma idade, dado que todos os acontecimentos relevantes, por serem recentes, se encontravam registados na Bíblia.
Entre os séculos XVIII e XIX surgiram várias teorias, sendo que as primeiras explicações geológicas eram fixistas, atribuindo as mudanças à existência da vontade do Criador, sendo a mais importante, o dilúvio, o que explicaria a presença de fósseis de animais marinhos em regiões continentais. Nesta linha de pensamento surge o catastrofismo, tal como o seu nome indica, explicava a ausência de um determinado fóssil nos estratos de uma série pela ocorrência de uma catástrofe (inundação, queda de meteoritos ou vulcões) que eliminava os seres vivos que aí viviam. A modificação das espécies fossilíferas numa sequência sedimentar era explicada pela ocorrência de catástrofes seguidas de um repovoamento de espécies vindas de regiões diferentes, ou então, originadas pelo Criador.Entre os catastrofistas,destacou-se George Cuvier, o qual teve o mérito de basear a sua interpretação em factos observados na Natureza, através da análise de dados paleontológicos, construíndo uma escala de tempo geológico baseando-se em episódios de extinção.
No final do século XVIII, James Hutton verificou que as mudanças que ele presenciava eram repetições de fenómenos que haviam ocorrido em tempos anteriores, afirmando que os processos geológicos do passado podiam ser explicados através dos processos geológicos actuais, enunciando-se o uniformitarismo. Hutton reconheceu que a Terra, como planeta antigo que era devia o seu aspecto a um somatório de pequenos, lentos e repetitivos fenómenos naturais cujos os efeitos se fariam notar ao longo de um periodo de tempo muito prolongado. Era o início da reavaliação do tempo geológico,a qual se prolongaria por todo o século XIX.
A partir do momento em que se estabaleceu a actual noção de tempo geológico, gerou-se uma conciliação entre ideias uniformitaristas e catastrofistas assumindo-se que a Terra, para além de se ir alterando através de processos lentos (praticamente imperceptíveis aos olhos do Homem), também tem sido afectada por ocorrências catastróficas sofrendo alterações profundas a nível global. Esta nova linha de pensamento designa-se por neocatastrofismo e é aquela que é actualmente aceite, a nível geológico.
No século XIX, Charles Lyell fundou, o que viria a ser considerado a base do raciocínio geológico, o Actualismo. A sua metodologia baseava-se no princípio das causas actuais, o qual é ainda hoje utilizado em Geologia. Esta teoria caracterizava-se pela uniformidade temporal dos processos geológicos, em que se pressupunha que o estudo dos fenómenos que ocorrem hoje são suficientes para explicar o passado da Terra, dado que as transformações do nosso planeta para além de serem muito semelhantes às actuais, também teriam ocorrido sempre com a mesma intensidade.

O mobilismo geológico

Durante o século XIX, alguns cientistas defendiam que, em tempos indos a Terra era um único continente (Pangeia) que flutuava no único oceano existente (Pantalassa) e, que mais tarde se fragmentou assumindo as posições que são hoje conhecidas.
Alfred Wegener foi um destes cientistas e em 1912 enunciou a Teoria da Deriva dos Continentes, a qual, mais tarde (década de 60), viria a servir de base à Teoria da Tectónica das Placas. Segundo Wegener, as massas continentais tinham uma baixa densidade e flutuavam sobre as densas massas oceânicas, movimentando-se e alterando a superficíe do planeta. Para apoiar a sua teoria Wegener baseou-se em vários tipos de argumentos, nomeadamente: argumentos morfológicos(demonstrando que a forma dos continentes africano e sul-africano encaixavam na perfeição), geológicos(apresentou semelhanças a nível litológico e estrutural entre os continentes africano e sul-africano, justificando que a presença de rochas com a mesma idade e as mesmas deformações provava que se tinham formado ao mesmo tempo e nas mesmas condições, o que só poderia ter sido possível se os continentes estivessem juntos), paleoclimático, paleogeográfico e paleontológicos(a presença do mesmo tipo de fósseis no continente africano e sul-africano justificava a deriva dos continentes, dado que os seres vivos que tinham originado esses fósseis deveriam ter vivido em conjunto sendo a separação dos continentes a justificação para o seu distânciamento).
A Teoria da Tectónica das Placas, implementada em meados do século XX, explica a origem da força que provocava a flutuação dos continentes sobre os oceanos baseando a sua interpretação dos fenómenos na dinâmica interna terrestre, relacionando-a com a origem e distribuição dos fenómenos sísmicos e vulcânicos.
Segundo esta teoria, a camada superficial da terra - a litosfera - é constituida por materiais mais rígidos do que a camada que lhe segue - astenosfera - que apresenta uma constituição plástica a qual, em intervalos de longos espaços de tempo, se comporta como um fluído. As diferenças de temperatura da astenosfera provocam os movimentos que originam a deslocação das placas tectónicas .


Placas Tectónicas e seus movimentos

O movimento das placas tectónicas pode desencadear uma forte actividade sísmica, originando
cadeias montanhosas, a movimentação dos continentes e a expansão dos fundos oceânicos.
As placas movem-se, umas em relação às outras, de três maneiras diferentes originando placas divergentes (afastam-se, por divergência, umas contra as outras), placas convergentes (afastam-se, por convergência, em direcções opostas) e falhas transformantes (em que as placas deslizam uma ao longo da outra), podem possuir crosta oceânica e crosta continental (como é o caso da placa africana ) ou unicamente abranger a crosta oceânica (como na placa do pacífico) e possuem zonas de união entre elas que se denominam por limites.
Os limites existentes entre as placas podem ser de três tipos: limites divergentes, limites convergentes e limites conservativos.
Nos limites divergentes dá-se o afastamento das placas tectónicas, como por exemplo, acontece no rifte do oceano Atlântico. Ao longo da fissura provocada pelas forças divergentes, dá-se a ascensão do magma basáltico originário do manto, que, ao atingir a superfície terrestre, arrefece e solidifica dando origem a uma nova litosfera. Este tipo de limite permite explicar a expansão dos fundos oceânicos associada ao vulcanísmo fissural,típico das dorsais médio-oceânicas, nas zonas de rifte.
Nos limites convergentes dá-se a convergência entre placas que ao colidirem, obriga a placa oceânica (mais densa) a mergulhar em profundidade (subdução) enquanto que a placa continental (por ser menos densa) flutua originando cadeias montanhosas (Andes). Se as duas placas que colidem forem ambas oceânicas, formam-se ilhas de origem vulcânica(ilhas Aleutas). Se as duas placas que colidirem forem ambas continentais, formam-se cadeias montanhosas que podem estar associadas a fenómenos vulcânicos (Himalaias, Alpes, Pirinéus). Este tipo de limite está associado a grandes sísmos, fenómenos de origem vulcânica, metamorfismo e deformação de rochas permitindo explicar a formação de ilhas e cadeias montanhosas, como por exemplo, sucedeu nas ilhas do Japão ou nos Himalaias.
Nos limites conservativos ocorre um deslizamento lateral de uma placa em relação à outra sem que haja destruição ou criação da litosfera. Este tipo de limite ocorre em falhas transformantes que cortam transversalmente as dorsais oceânicas, como acontece na falha de Santo André ou na falha Acores-Gibraltar.

"O presente é a chave do passado"

PLANO DE TRABALHO

Introdução

Breve comentário à dinâmica da Terra demonstrando que a mesma se encontra em constante mudança


Objectivos

Enunciar os princípios básicos do raciocínio geológico e como os mesmos foram reformulados ao longo do tempo
Como se desenvolveram várias teorias
Quais as teorias que serviram de base para o desenvolvimento e compreensão da geologia na actualidade
Demonstrar como a percepção a nível do tempo geológico e da mobilidade da superfície terrestre foi evoluindo, através da análise e reformulação de teorias baseadas na Natureza

Desenvolvimento

Princípios básicos do raciocínio geológico e sua evolução ao longo do tempo
Breve introdução aos conceitos: - catastrofismo - uiformitarismo - neocatrastofismo - actualismo geológico
Mobilismo geológico: - argumentos da deriva dos continentes - litosfera - astenosfera
As placas tectónicas e seus movimentos: - placas divergentes - placas convergentes - falhas transformantes
Limites entre placas: - limites destrutivos - limites construtivos - limites conservantes





Teorias

Catastrofismo - corrente de pensamento que defendia que as alterações que ocorriam no nosso planeta se deviam à ocorrência de grandes catástrofes naturais (dilúvio ), as quais, para além de provocarem a extinção da fauna e da flora existente, também explicariam a existência de fósseis de animais marinhos em zonas continentais. A estes períodos de extinção seguir-se-iam períodos de estabilidade em que uma nova flora e fauna voltariam a ocupar a superfície terrestre, originando uma nova era. O seu principal defensor foi Georges Cuvier (século XVIII )

Uniformitarismo - teoria que defendia que as causas das alterações geológicas actuais eram as mesmas que tinham originado fenómenos geológicos no passado (principio do actualismo ), uma vez que as leis naturais eram constantes no espaço e no tempo e a maior parte das mudanças geológicas eram lentas e graduais ( principio do gradualismo ). O uniformitarismo foi enunciado por James Hutton ( século XVIII ) e a sua metodologia - o princípio das causas actuais - para além de fazer parte da base do Actualismo é ainda hoje utilizado em Geologia.

Neocatastrofismo - corrente de pensamento em que existe uma mistura de ideias catastrofistas com ideias uniformitaristas, através da qual se pretendia explicar que a evolução do planeta Terra se devia não só à ocorrência de processos naturais lentos ( uniformitarismo ),como também à ocasional existência de fenómenos catastróficos provocando alterações profundas a nível geológico ( catastrofismo ). É nesta corrente que actualmente nos baseamos para a explicação das alterações da Terra.

Actualismo geológico - esta teoria defende que, as causas que no passado provocaram modificações na Terra, para além de serem semelhantes às actuais, também teriam ocorrido sempre com a mesma intensidade que se verificava e observava na actualidade. Esta teoria caracterizava-se pela uniformidade temporal dos processos geológicos e foi avidamente defendida por Charles Lyell ( século XIX )

Teoria da deriva dos continentes - segundo esta teoria, as massas continentais apresentavam uma baixa densidade e, por esse motivo, flutuavam sobre as densas massas oceânicas, movimentando-se e alterando a superfície do planeta. Esta teria foi enunciada por Alfred Wegener ( 1912 ) e serviu de base à teoria da tectónica de placas.

Teoria da tectónica das placas - nesta altura já se encontrava em vigor um novo pensamento científico, o evolucionismo (década de 60 do século XX), o qual retomou a teoria anteriormente enunciada por Wegener (teoria da deriva continental), reformulando-a e explicando qual a fonte energética do movimento das placas tectónicas admitindo que não são os continentes que se movimentam, mas sim as placas tectónicas ou litosféricas que contêm esses continentes. Esta teoria influenciou toda a Geologia moderna provando que a superfície da Terra é móvel.



Conclusões
Na História da Terra têm ocorrido grandes alterações tanto a nível geológico como biológico. Com os sucessivos aparecimentos de floras e faunas fósseis, tornou-se cada vez mais óbvio que a Terra teria muito mais tempo de vida do que o que se pensava. Os estudiosos da natureza tentaram interpretar e explicar estes fenómenos que modificavam a superfície terrestre de diferentes maneiras. Assim, surgiram vários tipos de teorias, algumas das quais serviram de base ao conhecimento científico que é actualmente aceite. Entre elas, sobressaiu a teoria da mobilidade dos continentes de Alfred Wegener. Embora tenha recebido fortes criticas da comunidade cientifica da época, veio-se a provar em meados do século XX, que a superfície da Terra era móvel através da teoria da tectónica das placas, dando-se uma revolução cientifica que influenciou toda a geologia moderna.