quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A Face da Terra - Continentes e Fundos Oceânicos

Introdução



A superfície terrestre é dominada pelas águas oceânicas que ocupam cerca de 2/3 da sua totalidade, sendo o restante ocupado pelos continentes. Devido à tectónica das placas, a superfície terrestre apresenta, tanto a nível continental como a nível oceânico, diferentes relevos, sendo estes mais acentuados no domínio continental e mais aplanados no que toca ao domínio oceânico.


A nível continental podemos encontrar as cadeias montanhosas, ou cinturas orogénicas, que consistem em relevos bastante acentuados, com milhares de metros de altura, assim como cratões, relevos com apenas algumas centenas de metros acima do nível médio do mar, e as plataformas estáveis que os rodeiam. A nível oceânico, dominam as planícies abissais, que correspondem à maior área de superfície terrestre, e podemos também encontrar as dorsais e as fossas oceânicas.


Dentro dos oceanos podemos ainda encontrar relevos pertencentes ao domínio continental, tal como a plataforma e o talude continental.



Objectivos

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, os continentes não acabam assim que os oceanos começam. Este trabalho pretende abordar esta temática, esclarecendo questões como onde começam e acabam os continentes e os oceanos e dar a conhecer os diferentes relevos da superfície terrestre e as formas como estes se formam.



Formas de Relevo do Domínio Continental

Em termos de idade geológica, os continentes são mais antigos do que os oceanos. Enquanto que as rochas oceânicas mais antigas só têm 200 milhões de anos, as rochas continentais são muito mais antigas, tão antigas como 3,8 biliões de anos. Estas rochas constituem a crosta continental que hoje é estável, ou seja, não estão envolvidas em qualquer actividade de formação de montanhas, pois já são compactas e foram deformadas pela antiga orogenia. Algumas destas rochas formam os cratões, a base dos continentes. Consoante o tipo de rocha que aflora a superfície podemos diferenciar duas regiões distintas: os escudos, maciços ou filões de rochas metamórficas e magmáticas, intrusivas, geralmente cristalinas, cujo protótipo é o granito; e as plataformas, rochas de génese sedimentar que sofreram intenso metamorfismo durante os períodos em que se encontravam a grande profundidade, nas raízes das dobras das cadeias antigas. Devido à sua idade, os cratões foram sujeitos a uma intensa erosão, apresentando um baixo relevo, não ultrapassando as poucas centenas de metros acima do nível médio do mar.


Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Figura 1 - Cratão situado na Arábia Saudita.

In http://www.earthscienceworld.org/images/search/results.html?Keyword=Fenton


Ao longo das margens continentais podemos encontrar a maioria das cadeias montanhosas presentes nos continentes. Grande parte das cadeias montanhosas actuais foi formada na Era Cenozóica, através do vulcanismo, da actividade tectónica, ou mesmo da conjunção de ambos. As suas rochas encontram-se intensamente deformadas e dobradas e são caracterizadas pela sua composição de rochas magmáticas.


Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Figura 2 - Montanhas Selkirk, América do Norte

In http://www.earthscienceworld.org/images/search/results.html?begin=10&num=2&numBegin=1&Category=&Continent=&Country=&Keyword=mountain%20range#null


Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Figura 3 - Mapa mundo da localização dos cratões, plataformas e cadeias montanhosas.
Alterado a partir de http://dminas.ist.utl.pt/Geomuseu/MINGEO%20LEC2007LET/Aulas%20Teóricas%20(Documentos%20opcionais)/Estrutura%20da%20Terra%20e%20Tectónica%20de%20placas/Descobrir%20a%20crusta%20terrestre%20(Português).pdf

As plataformas continentais prolongam os continentes sob os oceanos, possuindo até cerca de 200 metros de profundidade e até 1000 quilómetros de comprimento. Formaram-se entre períodos glaciares, quando os oceanos inundaram parte dos continentes, dando origem a áreas de águas pouco profundas ao longo das costas. Estas áreas encontram-se cobertas de sedimentos provenientes da erosão das rochas continentais, que para ali são transportados pelos rios.


Na transição entre a plataforma continental e as planícies abissais, existe o talude continental. Este consiste num declive muito acentuado, passando das centenas para os milhares de metros de profundidade em poucos quilómetros, e forma-se a partir de sedimentos provenientes do seu cume e da esfoliação da placa continental em subdução.


Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Figura 4 - Esquema de uma plataforma continental e um talude continental.

In http://www.allrefer.com/pictures/s1/c0601400-continental-shelf


Formas de Relevo do Domínio Oceânico



Os oceanos não são apenas a porção de superfície terrestre que se encontra coberta por água. Os fundos oceânicos são geologicamente distintos dos continentes e encontram-se num ciclo perpétuo de criação e destruição que molda o seu aspecto. Este processo ocorre lentamente ao longo de dezenas e centenas de milhões de anos.


Foi durante os anos após a Segunda Guerra Mundial que grande parte do fundo oceânico foi descoberto e estudado, devido ao avanço tecnológico dos sonares. Com estes estudos descobriram-se vários relevos oceânicos, tais como as dorsais oceânicas, que consistem num sistema contínuo de cadeias montanhosas submarinas de origem vulcânica, com aproximadamente 60 mil quilómetros, que rodeia o planeta Terra, ocupando o eixo médio dos oceanos. Este sistema é o maior relevo geológico no planeta e é formado por placas divergentes, ou seja, que se movem em direcções opostas. Nas suas zonas de fractura, denominadas riftes oceânicos, o magma basáltico, de origem mantélica, ascende e forma nova crosta oceânica, elevando assim o fundo oceânico. A dorsal ergue-se em média 3000 a 4000 metros acima do fundo marinho mas, por vezes, as montanhas submarinas erguem-se ao ponto de vir a superfície formando ilhas vulcânicas, como é o caso dos Açores e da Islândia. A dorsal oceânica é ocasionalmente fracturada por falhas transformantes, em que as placas deslizam uma paralelamente à outra e não há destruição nem formação de crosta.


Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Figura 5 - Formação de uma dorsal oceânica.

In http://encarta.msn.com/media_461550416/Formation_of_an_Oceanic_Ridge.html


Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Figura 6 - Mapa mundo da localização das dorsais oceânicas.

In http://web.ics.purdue.edu/~nowack/geos105/lect10-dir/lecture10.htm


A crosta formada pela dorsal oceânica é destruída nas fossas oceânicas, também designadas de zonas de subdução. As fossas são criadas em fronteiras convergentes quando se dá a colisão entre uma placa oceânica densa e uma placa continental mais leve. A placa oceânica afunda em relação à continental e mergulha no manto até se fundir. O material fundido ascende a superfície formando ilhas ou cadeias montanhosas, como a cordilheira dos Andes na América do Sul. Na fossa das Marianas, perto do Japão, encontra-se o ponto mais profundo da superfície terrestre, com aproximadamente 11 quilómetros de profundidade.


Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Figura 7 - Fossa oceânica criada devido ao embate de uma placa oceânica com uma placa continental com formação de cadeias montanhosas.

Alterado a partir de http://www.calstatela.edu/faculty/acolvil/plates.html


Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Figura 8 - Fossa oceânica criada devido ao embate de uma placa oceânica com outra placa oceânica com formação de ilhas vulcânicas.

Alterado a partir de http://www.calstatela.edu/faculty/acolvil/plates.html


Ocupando aproximadamente metade do fundo marinho encontramos as planícies abissais. Iniciam-se na fronteira entre a crosta continental e a crosta oceânica e prolongam-se até às profundezas dos oceanos. É a área mais plana da superfície terrestre, situada entre os 2500 e os 6000 metros de profundidade. O seu relevo plano é o resultado da acumulação de lençóis de sedimentos com uma espessura aproximada de 5000 metros. Estes lençóis escondem as rochas basálticas características da crosta oceânicas. O seu relevo plano é, por vezes, interrompido pelas abyssal hills, que acontecem quando os lençóis de sedimentos não possuem espessura suficiente para cobrir as rochas da crosta oceânica. As abyssal hills encontram-se normalmente cobertas por sedimentos. São vulcões já extintos ou pequenas formações rochosas que ascenderam pela crosta sob a forma de magma. As abyssal hills podem ser encontradas paralelamente a dorsal oceânica, e observadas em grupo ou isoladas. As planícies abissais são mais comuns no oceano Atlântico e menos comuns no Pacifico, onde as fossas oceânicas são mais comuns, pois os sedimentos tendem a acumular-se nas fossas.


Conclusão

O aspecto sólido e imóvel da superfície terrestre esconde de facto um movimento perpétuo que molda o seu aspecto actual. A teoria da tectónica de placas diz-nos que a superfície terrestre se encontra em constante movimento, um movimento imperceptível, de centímetros ou até mesmo milímetros por ano. Há cerca de 200 milhões de anos, os continentes encontravam-se juntos, criando um super continente chamado Pangeia. Devido ao movimento das placas terrestres, a Pangeia fracturou-se e os continentes moveram-se para as suas actuais posições. Este movimento provocou colisões entre as placas, estas colisões moldaram, de forma única, a superfície terrestre, dando origem a cadeias montanhosas, vulcões ou até mesmo ilhas.


Através deste trabalho conseguimos delinear os limites dos continentes e dos oceanos. Verificamos que os continentes se estendem até ao domínio oceânico, quer através das plataformas continentais, quer através do talude continental.


Mas não foram só os continentes que sofreram alterações devido ao movimento das placas. Também os oceanos sofreram alterações, não só com as colisões, mas também com o afastamento das placas. Foram assim criadas as dorsais oceânicas, o maior relevo a face da Terra e onde se cria nova crosta oceânica e as fossas oceânicas onde se destrói essa crosta.


Podemos, então, concluir que a actual morfologia terrestre se deve única e inteiramente a tectónica de placas.


Bibliografia



Livros


Ferreira, J.; Ferreira M. (2007) - Planeta com Vida, Geologia (Volume 1). 1ª Edição. Carnaxide: Santillana Constância.


Carvalho, L.S.; Varela, A. (2007) - Guia de Estudo, Biologia e Geologia, Geologia, 10º. ou 11º. (ano 1). Porto: Porto Editora.



Sites


http://www1.ci.uc.pt/cienterra/ect/II.4-Fund.%20cientifica.pdf - Cratões, escudos, plataformas estáveis e cadeias montanhosas.


http://www.answers.com/topic/craton?cat=technology - Cratões.


http://www.answers.com/mountain%20range - Cadeias montanhosas.


http://www.coast-nopp.org/visualization_modules/physical_chemical/basin_coastal_morphology/principal_features/deep_ocean/abyssal_hills/abyssal.html - Planícies abissais.


http://www.coast-nopp.org/visualization_modules/physical_chemical/basin_coastal_morphology/principal_features/continental_margins/continental_shelf/shelf.html - Plataformas continentais.


http://marinebio.org/Oceans/ContinentalShelves.asp - Plataformas continentais.


http://www.coast-nopp.org/visualization_modules/physical_chemical/basin_coastal_morphology/principal_features/continental_margins/continental_slope/slope.html - - Talude continental


http://www.cienciaviva.pt/rede/space/home/anexo1.asp - Riftes


http://www.coast-nopp.org/visualization_modules/physical_chemical/basin_coastal_morphology/principal_features/deep_ocean/trenches_arcs/arcs.html - Fossas oceânicas.

Sem comentários: